O Odontovet foi representado pela Dra. Michele Venturini em uma entrevista para a Revista Veterinária Atual, de Portugal, falando sobre o cenário da odontologia veterinária no Brasil.
Leia abaixo o trecho da matéria com a participação da doutora:
A realidade brasileira
No Brasil, a área de Odontologia Veterinária tem vindo a crescer exponencialmente. Quem o afirma é Michèle Venturini, médica veterinária e cirurgiã dentista, mestre em Cirurgia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. “Infelizmente, nas faculdades de medicina veterinárias não se aborda o tema ou ainda se aborda de forma muito superficial. Porém, os cursos tanto de extensão, quanto de especialização na área têm aumentado em todo o país”, diz-nos. Michèle Venturini é também fundadora e responsável do centro Odontovet – focado exclusivamente na odontologia, com delegações em várias cidades brasileiras, como São Paulo,Curitiba, Belo Horizonte, Brasília e outras.
“Foi o primeiro Centro Odontológico especializado no Brasil e o segundo no mundo. Temos uma experiência de 23 anos de atendimento único e exclusivo em Odontologia, e somos a maior equipa de profissionais especializados na área. Todos temos cursos de mestrado, pós graduação ou doutoramento na especialização. Todos divulgamos a especialidade e damos aulas em cursos ou congressos, o que nos obriga a uma atualização permanente”, salienta. É esta ética e transparência que faz com que os proprietários confiem os seus animais aos cuidados da equipa que, por sua vez, se compromete “com o bom atendimento ao cliente”.
Ainda no que respeita aos congressos e cursos, a fundadora deste Centro sublinha: “A Associação Brasileira de Odontologia Veterinária ABOV tem contribuído muito com a divulgação da especialidade organizando congressos e webinars (palestras online). Desta forma tem-se falado cada vez mais da especialidade no meio veterinário. Tal como em Portugal, existe um esforço acrescido por parte de profissionais brasileiros em divulgar a especialidade junto da população. “Por isso, cada vez mais, o proprietário tem-se consciencializado da importância dos cuidados orais para o bem-estar e a qualidade de vida dos nossos pacientes”, adianta.
Comparando o Brasil aos Estados Unidos da América, a médica veterinária considera que estão no mesmo patamar no que respeita ao conhecimento. “O que os diferencia é que, do ponto de vista tecnológico, cujos custos são maiores, os EUA estão mais adiantados, além da especialidade parecer ser mais divulgada e ser mais antiga do que no Brasil”, defende. Relativamente a países da Europa, Michèle Venturini “acredita que estão no mesmo patamar que países como França, Itália e Áustria”. No que respeita a Portugal, pelo que se apercebeu aquando da sua viagem ao país em abril do ano passado para participar numa formação promovida pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (FMV-ULHT), considera que “a especialidade está mais avançada e divulgada no Brasil”. Ficou também com a ideia de que o nosso país está a passar por uma fase de transição com o surgimento das especialidades, sendo que o Brasil passou pelo mesmo mas “há 20 anos”. No Brasil, as maiores exigências passam por aquilo a que Michèle Venturini chama de “fase de transição”. É que, apesar de toda a divulgação, há o outro lado da moeda. “Muitos médicos veterinários clínicos ainda estão reticentes em encaminhar os seus pacientes para um especialista por estarem desinformados em relação às implicações locais e sistémicas das afeções orais”, explica. E isto tem consequências diretas nos proprietários. “Infelizmente ainda hoje ouvimos proprietários dizer que, quando o seu cão ou gato fraturou um dente, o levaram ao médico veterinário que lhes disse que não precisariam de fazer nada com aquele dente com exposição pulpar, ou que quando procuraram o profissional clínico geral devido ao facto de o seu cão apresentar halitose, mas sem grande acúmulo de cálculo, ouviram que seria melhor esperar ficar pior para só depois tratar”.
Outro dos desafios deve-se ao facto de as doenças orais não estarem associados a sintomatologia evidente, tanto para os clínicos, como para os proprietários. “É diferente de um problema oftalmológico, no qual o paciente fica com a pálpebra fechada, com o olho a lacrimejar ou passar constantemente a pata. Estes sinais e sintomas fazem com que o proprietário perceba o desconforto do paciente e procure ajuda com o clínico. Nas afeções orais é muito difícil o paciente deixar de comer ou ficar a esfregar o focinho. Neste caso, o proprietário não percebe o desconforto”.
A médica veterinária recebe, nas suas consultas, proprietários que afirmam que os cães deixaram de gostar de ração seca e que precisam de amolecê-la para que comam ou que o seu cão fica a dormir o dia inteiro. Os pacientes assumiam que os seus animais deixavam de gostar da ração em vez de entenderem que não conseguiam comê-la devido a dor que sentiam.
“Outro desafio é fazer os clínicos e proprietários perceberem que, para se manter a saúde oral, a melhor aposta é a prevenção, sobretudo no que respeita à doença periodontal. O ideal é fazer profilaxias (limpezas) assim que o paciente comece a ter halitose, mesmo que o acúmulo de cálculo seja pouco e que o animal tenha apenas um ano e meio de idade”.
Apesar dos desafios que assinala acredita que, no futuro, cada vez mais pessoas estarão conscientes da importância da cavidade oral. “Na nossa rotina fazemos mais limpezas que não necessitam de extração, ou raspagens manuais apenas recorrendo ao ultrassom e polimento do que tratamentos periodontais, nos quais devemos lançar mão de técnicas mais avançadas havendo frequentemente extrações de dentes”, foca a responsável do Odontovet.
Leia abaixo o artigo completo:
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